Você é o que você come (e o que deixa de comer): longevidade e nutrição


Envelhecer ainda é um assunto tabu para grande parte das pessoas, seja num sentido de saúde, estética ou capacidades mentais, mas, apesar da preocupação em torno da velhice, a população brasileira não é muito voltada para os cuidados preventivos para a o futuro, isto é, não costumamos pensar os cuidados com o nosso corpo de modo a contemplar mais do que a estética do presente, como para um futuro saudável na velhice.


Por exemplo, quando falamos sobre cuidados com alimentação, regimes alimentares e nutrição, é comum que a maioria das pessoas pense em emagrecimento ou ganho de massa muscular, ou seja, em aparência, em tentativas de alcançar um padrão social de beleza, mas raramente a atenção com uma alimentação saudável é procurada com enfoque no objetivo de uma vida saudável para a construção de um futuro vigoroso.


Claro, o cuidado do corpo é sempre um cuidado de si, independentemente da finalidade, a preocupação com a alimentação saudável sempre representa algo positivo, no entanto, tal zelo não deveria surgir apenas no espaço-tempo de uma meta específica. O bem-estar proporcionado pela alimentação correta, deveria ser buscado com vistas a prolongar esse estado a outras fases da vida. Enquanto as pessoas buscam dietas com o propósito apenas de emagrecer - geralmente, as mesmas param quando o resultado objetivado é alcançado - e, ao mesmo tempo, temem o envelhecimento, elas não consideram readequar a dieta (recomendada por um profissional) para a longevidade, para uma vida mais saudável e para um envelhecimento tranquilo.


Em primeiro lugar, é importante ressaltar os malefícios da má alimentação no decorrer da vida, ao que tange a vida adulta em si, os hábitos alimentares ruins nunca farão bem ao corpo, jamais trarão as disposições físicas de uma boa alimentação, entretanto, quando falamos sobre o “avançar do tempo”, isto é, do início do envelhecimento do corpo, quando o organismo passa a se tornar mais lento e não combate mais alguns fatores como anteriormente (o que acontece na média a partir dos 35 a 40 anos), doenças crônicas tendem a começar a despontar a partir da má alimentação como, por exemplo, a diabetes, obesidade, pressão alta e problemas relacionados ao coração.


Por outro lado, a alimentação balanceada, regular (em horários corretos e cotidianamente) e rica em consumo de frutas e legumes pode trazer vários benefícios no decorrer de toda a sua continuidade, desde o momento inicial em que a pessoa resolve a seguir até a sua velhice. Todavia, antes de adentrarmos as especificidades desses benefícios, é importante ressaltarmos qual a definição do que chamamos aqui de alimentação saudável.


A alimentação saudável, diferentemente, do que é popularmente imaginado, não se trata de um consumo excessivo de vegetais, na verdade, ela está ligada ao consumo de todos os grupos de alimento de forma balanceada, como proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas, minerais e fibras, posto que nenhum desses grupos ingeridos isoladamente irão oferecer tudo que o organismo necessita. Assim, seus critérios são: A variedade de alimentos como já citado; A valorização dos aspectos culturais, quer dizer, ela deve atender à culinária cultural de uma sociedade, devendo ter entre as suas recomendações a porção ideal para consumo de determinados alimentos, tal como sua forma de preparação; A garantia de sabor e de acessibilidade, outro ponto comumente mal interpretado, uma alimentação saudável não precisa ser baseada em itens caros, tampouco deve ser sem sabor ou ter sabor ruim, mas deve proporcionar uma alimentação barata e que possibilite diferentes e saborosas combinações; Diversidade de cores, que nada mais é que a representação do consumo de frutas, legumes e verduras; e, por último, a harmonia entre os alimentos, esta refere-se à quantidade e qualidade dos alimentos de modo a suprir as necessidades nutricionais, sendo que essa pode ter uma alteração de indivíduo para indivíduo, o que exige a consulta de um especialista para que seja definida as necessidades de cada pessoa.


Em um aspecto mais geral, o ideal da alimentação saudável seria o consumo de 2000 kcal diárias, seguindo a pirâmide alimentar, que é dividida em 8 grupos: Grupo 1 (base da pirâmide, 1° andar) abarca os alimentos ricos em carboidratos como arroz integral, batata, batata-doce, aveia, cereais e milho-verde; o Grupo 2 (2° andar) refere-se a hortaliças, verduras e legumes, tal como alface, abóbora, brócolis, couve, cenoura etc.; no Grupo 3 (2° andar) estão as frutas e os sucos naturais que, por sua vez, complementam as vitaminas oferecidas pelo grupo 2; Grupo 4 (3° andar) conta com os alimentos que fornecem proteínas. Assim, no grupo 4, temos os alimentos ricos em proteínas, por exemplo, o leite e seus derivados, que são também fonte de cálcio; Grupo 5 (3° andar) é onde se aloja os alimentos com maiores concentração de proteína, por essa razão devem ser regrados por serem fonte de colesterol, como carne bovina, suína, peixes, aves e ovos; Grupo 6 (3° andar) o último grupo do andar das proteínas, abrange alimentos ricos em proteína vegetal, as leguminosas como feijão, lentilha, e soja e as oleaginosas como as castanhas e nozes; Grupo 7 (4° andar), topo da pirâmide, se volta para óleos e gorduras, estes por terem alto teor calórico, devem ser consumidos em mínimas porções; no Grupo 8 (4° andar) estão açucares e doces, alimentos altamente calóricos que também devem ser consumidos em porções reduzidas. Assim, a quantidade de cada alimento diminui a cada andar em da pirâmide de baixo para cima.


Seguindo esta pirâmide para a construção de uma alimentação mais saudável, seus benefícios seriam a perda de peso e manutenção de um peso saudável, bom funcionamento do intestino, cuidados com a saúde cardiovascular, prevenção e controle da diabetes, melhora do humor e memória e prevenção e combate ao câncer. Tais elementos citados já são a principal razão de uma velhice mais saudável, reduzindo algumas das principais razões que causam o medo da velhice, como os problemas de saúde, a memória ruim (podendo vir a se tornar uma doença específica), e a perda de energia.


Para além da alimentação balanceada, há um vilão que anda por aí com máscara de mocinho que deveria ser cortado em 90% da dieta da maioria dos brasileiros: o açúcar. O, aparentemente inofensivo, açúcar nosso de cada dia, tão comum na dieta brasileira, é um grande inimigo da saúde e carrega consigo muitos malefícios para a terceira idade. Em consumo excessivo, ele pode acarretar doenças como obesidade, problemas cardiovasculares, hipertensão, diabetes, depressão e síndrome do pânico, pode ainda prejudicar o aprendizado e a memória.


Alguns açucares são menos prejudiciais, que outros, o cristal, o refinado e o de confeiteiro são os mais comuns do consumo brasileiro, estes apresentam um alto índice glicêmico e menos nutrientes em consequência às etapas de processo industrial pelo qual são submetidos. Já o açúcar e o açúcar mascavo têm suas características nutricionais mantidas, e contêm maior quantidade de vitaminas e minerais. De qualquer forma, em uso excessivo qualquer tipo de açúcar fará mal e acarretará problemas de saúde.


Além das disfunções causadas no organismo, o açúcar também é prejudicial à aparência; O consumo exagerado de açúcar maleficia a produção de colágeno, consequentemente favorece o envelhecimento precoce da pele, pois causam um surto de inflamação por todo o corpo, de modo que o excesso de açúcar ingerido causa uma perturbação em conjunto com as proteínas, causando enrijecimento nas fibras de colágeno, disso resulta uma pele com aparência opaca e amarelada. Vale ressaltar que um dos tabus em torno do envelhecimento está relacionada à aparência devido ao surgimento de rugas, ou seja, a redução significativa do consumo de açúcar também irá reduzir os impactos deste fator nas fases iniciais do envelhecimento do corpo.


Por fim, a reflexão final que podemos deixar para você leitor é: que tipo de velhice você pretende ter? Não basta almejar a longevidade e continuar se entupindo de porcarias, não é mesmo? Que tal começar hoje mesmo a repensar seus hábitos alimentares? Lembrando que, para ainda maior resultado de benefícios ao corpo a curto e longo prazo, o ideal é a combinação de uma alimentação saudável a exercícios físicos e, é claro, para ambos buscar sempre a melhor adequação ao seu corpo com o auxílio de profissionais da área. Envelhecer é um processo natural e inevitável do corpo humano, mas é opcional a forma que você passará por esse processo.


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